Trás-os-Montes, fique a conhecer
algumas das expressões mais populares
Bô
Sem sombras de dúvidas, a palavra mais utilizada por um transmontano.
Não se sabe muito bem a sua origem, pode ter vários significados, dependendo do contexto. Pode ser usada como interjeição “Bô era… , nem pensar”, ou então, quando o teu filho te pede para ficar mais uns minutos a jogar playstation, dirias … “Bô bô bô bô, vais mas é dormir, ala embora”.
Também pode ser utilizada para descrever algo de bom, “ Tens um Bô mel”, “que bô vinho”, “O teu azeite é mesmo bô”. Pode-se assim dizer que é uma palavra do povo, utilizada para quase tudo e para quase nada.
Quem visitar Trás-os-Montes, garantidamente ficará com esta palavra na memória durante muito tempo.
Cibo
Significa pequena porção de qualquer coisa, por exemplo “dá-me um cibo de carne, dá-me um cibo de pão”.
Emplouricar
Significa ir para cima de alguma coisa. Os gatos, por exemplo, gostam de andar sempre “emplouricados” nas mesas, nos armários, nas portas, nas janelas, na televisão, nos móveis da casa de banho, na bacia…enfim, já percebeste a ideia. E uma coisa é certa: os gatos são mais fofos quando se andam a emplouricar do que quando nos estão a arrebunhar o couro por completo.
Amarrar
Esta palavra é do conhecimento generalizado, que significa atar algo, no entanto para um transmontano poderá ter outro significado. Na minha infância ainda se jogava muito às escondidas, e como bons jogadores, havia sempre um esconderijo especial, então alguém dizia “amarra-te (agacha-te) para não nos verem”.
Também se brincava aos pastores, para treinar a pontaria, no meio da brincadeira havia sempre alguém que se esquecia de dizer “ amarra-te vou atirar uma pedrada”, é escusado dizer, que por vezes não dava bom resultados e alguém ia para casa a chorar, com a cabeça rachada.
Furgalhas
Tem o mesmo significado que migalhas. Quando alguém te disser “abonda-me o pão, e cuidado ao comer, para não deitares furgalhas para o chão”, agora já sabes, estás a falar com um transmontano e cuidado não te assustes do modo como cortam o pão.
Surro
Frequentemente utilizado para descrever algo com sujidade. Em tempos, quando água quente não circulava nas canalizações das casas transmontanas e o aquecimento era uma miragem, tomar banho era uma aventura, principalmente nos dias de inverno mais rigorosos, os garotos fugiam da água a sete pés.
No final do banho havia sempre a vistoria às orelhas e ao pescoço para ver se estava tudo bem lavadinho, quando não estava alguém dizia, “vai-me lavar essas orelhas estão cheias de surro”, outro exemplo seria, “vai-me lavar este alguidar está com surro”.
Barduada
Esta não tem muito que se lhe diga. Pode parecer uma coisa muito estranha (se não fores transmontano podes estar a imaginar uma trovoada ou um bicho muito feio com três cornos nas costas), mas é muito simples: “barduada” é o mesmo que “paulada”. Ex.: “deu-lhe uma barduada que o tombou”!
Embuldrigar
Um verbo absolutamente parvo que significa, basicamente, fazer figura de porco. “Embuligar” significa rebolar no chão, mais propriamente na sujeira do chão”. Alguém que esteja todo embuligado está, portanto, todo porco, cagado, larego, cheio de surro (não conheces esta palavra? Então continua a ler o artigo). Se preferires (isto das palavras transmontanas é tudo à vontade do freguês), podes dizer “embuldrigar”, que é exatamente o mesmo, mas com mais duas letras parvas.